quinta-feira, 20 de novembro de 2014

DIREITOS IGUAIS! QUEREMOS O DIA DA CONSCIÊNCIA BRANCA

Chega a ser ridículo alguns questionamentos sobre o porque não se ter um Dia da Consciência Branca. Não há razões plausíveis para uma CONSCIENTIZAÇÃO branca. O mito das 3 Raças, onde brancos-índios-negros ergueram o país é mais uma falácia (dobradiças simbólicas para amortecer atritos sociais).

O tratamento desigual racial que privilegia o elemento europeizado, por ironia, se consolidou no mesmo documento que fundou o mito das 3 raças. O berço desse mito foi no Instituto Histórico-Geográfico do Brasil, fundado em 1838, sob a influência da escola historiográfica alemã, cujo um dos ícones é Friedrich Hegel (o mesmo que afirmou que a África não era interessante do ponto de vista histórico). O IHGB realizou um concurso sobre a tarefa do historiador que fosse redigir a história brasileira. O vencedor foi o alemão Von Martius, cuja monografia “Como se deve escrever a história do Brasil”, publicada em 1845, listava entre os itens que norteariam a confecção da história oficial do Brasil uma ênfase nas três raças, dando predominância ao português, aquele que imprimiu suas marcas de moralidade no país. 

Coube a realização dessa história a Francisco Adolpho de Varnhagen, considerado então o fundador da historiografia nacional com a publicação de História Geral do Brasil entre 1854 e 1857 o que influenciaria os manuais escolares e livros didáticos, chegando até os dias atuais. Nos Livros de História, o índio aparece quando a Esquadra se Cabral atraca e depois some das páginas. Com negros o processo se repete, aparecem no período que trata da Escravidão, com aquelas ilustrações do Debret retratando-os em situações degradantes, tudo muito educativo para a construção da autoestima de alunos negros e alteridade dos alunos não-negros, e desaparecem da História. 


Um dos principais romancistas da atualidade, Alberto Mussa aponta para um costume que naturaliza o elemento de aspecto fisionômico europeu num recurso chamado em Linguística, antigamente, de ‘elemento marcado’, aquilo que “tinha que ser dito”, caso contrário, julga-se outra coisa. A naturalização da branquitude induz, por exemplo, que todo personagem histórico é branco, quando surge um elemento negro, o que é uma excepcionalidade.  ele dever ser marcado, tipificado, senão, se presumirá que se trata de um personagem histórico branco. O adjetivo ‘negro’ aparece quando se fala de Aleijadinho, José do Patrocínio e de João Cândido,mas o ‘branco’ é dispensável quando se fala de José Bonifácio, Castro Alves ou Carlos Chagas. Zumbi é apresentado como líder negro da Revolta de Palmares e Tiradentes apenas como o líder da Inconfidência Mineira. Sem se falar quando se nega a condição de negro a sujeitos históricos como o engenheiro André Rebouças, a compositora Chiquinha Gonzaga e o escritor Machado de Assis, apresentados com o termo difuso ‘mestiço’, como uma espécie de eufemismo. O termo ‘negro’ é discriminado (nas duas acepções) e passa a ser usado como um marca-texto.

Mussa ressalta que em nossa literatura também opera essa obrigatoriedade de se aludir à característica étnica quando o sujeito da narrativa é negro, efeitos da naturalização da branquitude na psique do brasileiro. Mussa cita: “pegue os grandes autores: José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa. Os melhores. Você vai ver neles esse procedimento. É o personagem Fulano, o Sicrano e, na hora que aparece o preto, é o “preto Alguém”. E dali a pouco, esquece-se o nome do personagem e ele passa a ser só o “o preto”, ou “o mulato”. Não é possível. A gente tem que encontrar outra forma de tratar disso”.

Reflexos da cultura hegemônica eurocêntrica.

O texto abaixo fechamos nossos apontamentos sobre o tema.

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