sábado, 25 de julho de 2015

ÀS MARGENS DO GUAPORÉ


Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Com seu colar de urucum
Das rainhas, a mais bela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Colhia o que arou pra si
Batata doce e brinjela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Repartia o que colhia
Não plantava só pra ela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Disfarçada de nenúfar
Flor de haste amarela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Orando para Angana-Zambi
Por seus filhos na favela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Com a fibra do guelengue
Da impala e da gazela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Com seu riso buliçoso
Feito um samba da Portela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Fui às terras angolanas
No versar de Pepetela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Entoando uma cantiga
Em quicongo e ganguela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Ganhando muito pataco
No jogo da bacatela

Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Com vigor que emprestaria
A Luther King e Mandela


Do livro Espelho opaco de Narciso, 2014, Ricardo Bispo, Editora Clube de Autores












Em homenagem ao Dia Nacional de Tereza de Benguela e que desde 1992 , em iniciativa da ONU, comemora-se o Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe.





No carnaval de 1994 a Unidos do Viradouro trouxe o enredo "Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal".