sexta-feira, 16 de maio de 2014

ARTE POÉTICA: Crise de abstinência



Sinto a sua falta
como a flauta sente do sopro
Como o mar sente do leme da canoa que passou
 e lá longe atracou
Como um cego, não de nascença, sente da luz

Sinto a sua falta como o fogo ou a música
sente do ar para se propagar
Como um catavento em sua haste solitária
sente da brisa mais inibida
Como a flor sente do néctar
 que a abelha-operária sugou

Sinto a sua falta como o ouro do Zambeze
sente das águas de aluvião
Como a mata hostil sente da sinfonia de pássaros canoros
Como um encanto feito de origami
sente dos hábeis dedos do artífice

Sinto a sua falta como o bloco de granito
sente das partículas do quartzo
Como o espelho sente
a ausência do seu sorriso delicado
Como um corpo em óbito sentira esvair-se todo o elan vital

Sinto a sua falta
Maluca. Moleca. Sapeca
Fingindo baforadas de cigarros imaginários
Ao expulsar vapores quentes de seus lábios inimagináveis
Em noites densas invernais






terça-feira, 13 de maio de 2014


LENDA DO JONGO


Salve o 13 de maio, salve o Jongo. Saravá Velho Cumba.


Diz uma lenda do jongo
Que Jesus, nosso sinhô
Chamô o povo do Congo
E mandô tocá tambu
Que festança no terreiro
Quanta dança, quanta luz
Foi o primeiro jongueiro
Nosso minino Jesus

Eu não vô me embora
Sem meu zirimão               REFRÃO
Avoou lá fora
Ave de arribação


AUTORIA: Ricardo Bispo

sexta-feira, 9 de maio de 2014

QUEM É TU, VELHOTE DO LOTE




Ao meu mentor na esfera cultural, ao meu pai-pequeno, Nei Braz Lopes

Velhote, quem é tu?
Um griô da bela Costa do Marfim?
Um escriba da velha Tumbuctu?
Ou um sábio alufá-muçurumim?

Cacurucai, Nei. Cacurucai

Quem é tu, Velhote, quem é tu?
É couro de munganguê?
Gonguê de maracatu?
Farinha de efun-oguedê?

Cacurucai, Rei. Cacurucai

Sua voz banta é de aragem matutina
As cãs grisalhas fazem-te, jongueiro cumba
Nos pés a ginga de uma Jinga afrolatina
Nas mãos os versos do merengue, samba e rumba

Cacurucai, Lei. Cacurucai


FELIZ ANIVERSÁRIO, NEI

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Que venha a Copa

Ontem chamei a molecada perto de casa pra pintar a rua (queria enfeitar de verde e amarelo, bandeira do Brasil, motivos da Copa, desenhar a cobiçada taça, o mascote Fuleco, caricaturas dos mais caricatos, Neymar, Davi Luiz e Dante com suas cabeleiras, Dani Alves saboreando sua banana, Felipão e Murtosa, com aquele bigodão á la Gaucho da Fronteira, o heroi Incrível Hulk com a camisa da Seleção).



Eles falaram, amanhã a gente pinta

Cheguei do trampo e disseram, viu lá, pintamos

Caracoles, a molecada pegou cal de pintura e pintaram o meio-fio.

Que Copa! Que empolgação

Ô lôko!