segunda-feira, 7 de setembro de 2015

ENTREVISTA COM EMERSSON URSOO




















Batemos um papo esperto com o cantor e compositor paulistano Emersson Ursoo que está prestes a lançar o sexto CD de sua carreira. Ursoo é afilhado musical de Mestre Monarco e de Dona Ivone Lara, de quem também é parceiro. Confiram abaixo:




DOM OU MAGIA - Urso vem aí seu 6º CD, o que podemos esperar?

EMERSON URSOO - É um Cd que prima pelo sentimento "Música e amor" dessa vez eu venho menos político, menos porta voz das mazelas do meu país. Amor ao samba suas vertentes e personagens e o amor de casal. Cada vez mais cadenciada minha música vem seguindo a linha tradicional de sempre.

DM- E fale pra nós sobre as participações especiais que nos aguarda?

E.Ursoo - Teremos 10 participações, sambistas de São Paulo que admiro muito, atuantes da noite, militantes, defensores culturais.

DM – Como você enxerga o cenário do samba paulista?

E.Ursoo - O samba Paulista que eu e minha geração faz é mais inspirado nos mestres do samba carioca, crescemos ouvindo Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Delcio Carvalho,  Ivone Lara, Fundo de Quintal, Clara Nunes, Roberto Ribeiro e todos os compositores que eles gravavam. São Paulo não costumava ter artistas de Samba tocando em rádio e quase não se gravava disco aqui, então quem não tinha convivência direta com os sambistas daqui, como no meu caso até meus 30 anos, acabou tendo como referências sambistas de fora. Depois sim, frequentando as rodas de samba (Projetos e comunidades) a partir de 1999 (Clube dos Sambistas) aí sim, juntamente com outros sambistas, passamos a fazer um resgate dos nossos sambistas assim como incentivar os compositores a mostrarem suas obras. Esse movimento cresceu muito no início do século, distribuído em diversos bairros da cidade, hoje passam dos 200. O Samba cresceu, porém com um sentimento de união que veio estreitando e cada vez mais tem atingido sua meta. Hoje temos uma associação (ASTEC-SP) que está à frente trabalhando pelo samba da nossa cidade para que tenhamos mais organização, respeito e valorização. Nesse período de 15 anos desde o início do século surgiram diversos compositores e intérpretes que registraram em CD  suas obras e vozes, assim para as novas gerações terem uma boa referência de sambistas de São Paulo. O samba de São Paulo segue em constante crescimento, porém, não o samba tradicionalmente Paulista que é mais Rural, deste samba temos poucos representantes gravando, a referência maior ainda é o samba que se fez no Rio de Janeiro entre as décadas de 1940 e 1980.

DM- Algo que reparávamos é que era comum quando cantores paulistas gravavam cd’s, via de regra, convidavam sambistas cariocas para participarem do disco, mas não era algo recíproco, era raro bambas do Rio convidarem nomes do samba da Garoa para seus trabalhos, esse cenário tem se modificado um pouco nos últimos anos, alguns exemplos, o Monarco convidou o Tuco Pellegrino em seu último CD, o Nei Lopes escolheu a rapaziada do extinto Quinteto em Branco e Preto para acompanhá-lo na gravação de seu DVD, tem o belo trabalho da Cristina Buarque junto ao Terreiro Grande, e por falar no Terreiro e pra mostrar que a nova geração de sambistas cariocas também estão conectados com Sampa, o Gabriel Cavalcanti gravou um cd onde as maioria das faixas aparecem a dupla Roberto Didio e Renato Martins; a Dayse do Banjo em seu CD gravou um samba de Dadinho e Melão da Velha Guarda do Camisa. Essa visibilidade do samba paulista, no seu entendimento, seria um reflexo do trabalho das chamadas comunidades do samba?

E.Ursoo - Essas ações de resgate dos sambas antigos, dos sambistas defensores e mantenedores da tradição e o incentivo a amostragem do samba inédito foram os responsáveis por isso, logo, as comunidades são de fundamental importância. Principalmente a partir do final do século passado e inicio desse, o movimento se formou e não parou de crescer, inclusive se espalhando para todo Brasil. O movimento nasceu em São Paulo, que através dos projetos, comunidades e alguns bares, começaram a trazer os sambistas mestres para shows e homenagens. Aqui eles tinham e tem o devido valor reconhecido. E um trabalho totalmente fora da mídia, correndo por fora, com foco na cultura, no samba novo e na preservação das raízes. Os grandes sambistas começaram a notar que os compositores daqui faziam e fazem sambas, choros e outros gêneros genuinamente culturais no nível mais alto possível, herança dos próprios mestres que se foram e os que estão em atuação.

DM – Conte-nos um pouco de suas excursões pelo EUA e Europa.

E.Ursoo - Foi um presente do astral, nada planejado. Fui passar lua de mel com minha esposa lá na Florida e levei meu CD e meu cavaquinho. Chegando lá através de um amigo da minha esposa fui apresentado a um empresario que depois de uma audição gostou do meu trabalho e me convidou para tocar no hotel que gerenciava. O contentamento de ambas as partes e do público acabou abrindo as portas na terra do Tio Sam. Viajei por diversas cidades durante 3 anos, chegando a ir até 4x por mês pros Estados Unidos. Pra Europa a primeira vez foi por encomenda de um samba-enredo para uma escola de samba na Suíça, fui campeão e conheci muitas pessoas, acabei voltando pra tocar em bares brasileiros e fui a outras cidades e outros países europeus. Também fui ao Japão e África do Sul. O samba me levou pro mundo, e sempre defendi a obra autoral minha e dos meus parceiros.

DM – Partilhe conosco a experiência de compor junto com nomes lendários do samba.

E.Ursoo - Experiência fantástica, humildade dos mestres e sempre partiu deles, depois de gravar comigo, cantando algo meu com meus parceiros, depois de aprovarem as letras e melodias e ver que os sambas tinham uma linhagem nobre, assim como as deles, afinal me inspirava neles. Foi assim com Seu Jair do Cavaquinho, Argemiro, Delcio Carvalho, Luiz Carlos da Vila entre outros...

DM - Cite três sambas que não podem faltar numa roda de samba onde tenha Emersson Ursoo.

E.Ursoo - Saravá, Tem de tudo pra vender, Nossa Senhora Aparecida.







 

ZUELA DE OGUM


AUTORIA: Deley Antonelli e Ricardo Bispo

No cazuá de Dona Iaiá
De longe se ouve a zuela
Incensa o terreiro, acende a vela                      BIS
Oxalá abençoa o congá

O ilê já tá todo enfeitado
Com as folhas sagradas do meu Pai Ogum
Aroeira e também óleo pardo
Mariô desfiado e peregum
Vai ter xirê de Ogum Meje
Akorô, Ogunjá e Onirê
E no rum também vai tocar jeje
Pra invocar o sinhô Xoroquê

Firma o batuque aêêê
Iabassê mandou preparar
Feijoada, inhame no dendê                              REFRÃO
Ogunhê! Pai Ogum iremos saudar


sábado, 5 de setembro de 2015

MEU SAMBA É ASSIM: por Coletivo Arnesto





Nome: Ricardo Bispo dos Santos
Nome artístico: Ricardo Bispo
Data de nascimento: 28/10/1976
Natural da cidade de São Paulo – SP
Reside em Praia Grande – SP
Referências: (por ordem de influência) Nei Lopes, Paulo Cesar Pinheiro, Luis Carlos da Vila, Eduardo Gudim, Roque Ferreira, Santaninha, Delcio Carvalho, Geraldo Filme, Mestre Darci do Jongo e Barbeirinho do Jacarezinho.
Principais parceiros: (por ordem alfabética) Alabá, Alex Cardoso, Aluízio Neguinho, André Moraes, Charlie Dief, Emersson Urso, Juninho Mancuso, Marquinho Quebra-Corda, Nonô NG e William Fialho.
- Amor Nagô; Sincopando o Sincopado; Gurufim de Bamba; Cântico das Ninfas e Se bola de cristal tivesse zoom.