sábado, 20 de agosto de 2016

MINHA PRETINHA

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Minha pretinha
Tu és a minha majestade
Apesar da pouca idade
Tem responsa de rainha
Eu so ando no trilho
Se estou sob a tua batuta
Tenho forças para ir pra luta
Não sou mais pobre andarilho

Pretinha, sua linda cor
Lembra o licor de jenipapo
Dessa sua brejeirice, mimosura, chameguice
Já te disse, não escapo
Paixão é uma cobra muçurana
Sorrateira e fatal
Se disfarça e nos engana
No meio do cipoal

Já o amor...
Graças a você Pretinha
Sei que é água-de-quartinha
Mata sede e abençoa
Não é emoção daninha
Que machuca e aguilhoa

AUTORIA: Emersson Ursoo e Ricardo Bispo



domingo, 31 de janeiro de 2016

Apontamentos sobre MIL OITOCENTOS E BOLINHA





Embora a temática do samba e até a estrutura da letra sugira um samba-enredo,  a composição em questão é um partido-alto (a letra e o link do áudio estão na postagem anterior).

No ano de 1850 foi marcado por muitos eventos, alguns dos quais, repercutem e influenciam de um modo ou de outro até hoje a sociedade brasileira. No ano em questão se intensificou o processo de IMIGRAÇÃO de mão-de-obra europeia prevendo o inevitável desmantelamento do regime de ESCRAVIDÃO, principalmente com a assinatura da LEI EUSÉBIO DE QUEIROZ que proibia o tráfico negreiro,  uma vitória do ABOLICIONISMO. Atribui-se ao fluxo de imigrantes ao primeiro surto de FEBRE AMARELA no Brasil, datando de 1850, originando devastadora epidemia. Nesse mesmo ano teve fim a REVOLUÇÃO PRAIEIRA, iniciada dois anos antes e que ficou assim conhecida porque os revoltosos se amotinaram na Rua da Praia, em Recife contestando o regime monárquico.

Antônio Evangelista de Sousa,  Visconde de Mauá,  recebia do Imperador, por seus relevantes serviços à Coroa, um novo título nobiliárquico BARÃO DE MAUÁ.

Um cético pedagogo de Lion, Hippolyte Léon Denizard Rivail, pesquisador das propriedades do magnetismo, tem sua atenção atraída por fenômenos poltergeist no subúrbio de Paris, onde mesas dançavam supostamente sozinhas.  Esse cientista se debruça sobre o evento com ar investigativo, convicto de se tratar de truques de ilusionismo. Em 1858 como resultado de seus estudos, o pesquisador, com o pseudônimo se Allan Kardec lançava o LIVRO DOS ESPÍRITOS.

Com a rubrica de D. Pedro II, circulava desde 1843 em todo território nacional o primeiro selo dos Correios do Brasil: o Olho-de-boi

Promulgou-se a LEI DAS TERRAS, o primeiro ensaio jurídico-legal para a reforma agrária, porém beneficiando coronéis donos de latifúndios, exorbitando o valor de lotes, impedindo que negros alforriados, contemplados por medidas de mitigação progressiva da escravidão (Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários) tivessem acesso à terras.

Com o declínio do ciclo cafeeiro, o látex, o OURO BRANCO, extraído da seringueira na Amazônia se tornou uma importante fonte de renda na balança comercial do país.

Figura histórica e controversa dos primórdios do Carnaval, ZÉ PEREIRA, seria um imigrante português que com seu bumbo teria inaugurado o carnaval de rua no Rio de Janeiro, até então circunscrito aos salões aristocráticos. Historiadores e cronistas não chegam a um consenso sobre a data em que o lusitano fanfarrão inovou o carnaval brasileiro,  há os que defendem que tal personagem jamais existiu e que na verdade era um símbolo carnavalesco (como pierrôs, colombinas, negas-maluca, Clóvis e etc). E que existiram vários Zés Pereiras. Dos que dataram a primeira aparição do pândego portuga, o cronista oitocentistas Luiz Edmundo foi quem lhe atribuiu maior anterioridade, situando-o em 1852.

Rua das Casinhas - depois do Palácio e do Tesouro; na esquida da Rua do Rosário, o primeiro sobrado de taipa com 4 pisos. (mais ou menos 1850)



MIL OITOCENTOS E BOLINHA



Foi em 1850
Soprava o vento da imigração pro Brasil
Liberdade não se acorrenta
Chegaria ao fim a escravidão                                         REFRÃO
Naquele ano assinaram a Lei Eusébio de Queiroz
Do Abolicionismo ecoou a voz
Conflito da Rua da Praia no velho Recife se pôs a findar
E Evangelista de Souza virava o Barão de Mauá

Febre amarela invadia o país
Mesas-girantes sacudiam Paris
Já circulava o Olho-de-Boi, nosso selo postal
Dividiram essa terra em partes desiguais
Ouro branco jorrava em nossos seringais                                                                      Dois anos depois Zé Pereira iniciava o carnaval

 REFRÃO


AUTORIA: Ricardo Bispo

COPIE O LINK ABAIXO E COLE NO NAVEGADOR E ESCUTE O SAMBA:
https://soundcloud.com/ricardo-bispo-11/mil-oitocentos-e-bolinha