terça-feira, 1 de abril de 2014

Foi um Primeiro de Abril


Está em fase de acabamento o livro onde relaciono sambas de Nei Lopes com conteúdos da disciplina de História. 


Coloco minha visão de pedagogo (não sou historiador), mas ponho também a visão de compositor, porque gosto quando um compositor fala de outro. 

Há uma idiossincrasia em comum, uma intersubjetividade que só quem é compositor consegue entender. É de poeta para poeta. O que uns chamam de 'papo de compositor'. 

Por isso também logo no início do livro mostro poetas consagrados falando da pessoa do Nei: Aldir Blanc, Zeca Pagodinho, Hermínio Bello de Carvalho.

A ideia do livro, que se chamará O ABC DE NEI LOPES: o samba na sala de História surgiu à época em que eu e Renata Carvalho de Sousa Freitas, efetuávamos uma pesquisa a ser aplicada em nosso Trabalho de Conclusão de Curso para a Licenciatura em Pedagogia,“Na cultura afro-brasileira uma aplicação: o samba que se aprende na escola (uma estratégia didática voltada ao ensino fundamental)”. 

Foi impressionante a quantidade de sambas de Nei Lopes em nossa lista, figurando em quase todas as disciplinas da grade curricular, principalmente Língua Portuguesa e claro, História.

Quem quer que tenha o privilégio de conhecer pessoalmente o Nei captará uma aura professoral a lhe envolver.

E esse ar de educador eu já tinha percebido nele, via email, antes de conhecê-lo pessoalmente. Bem antes de surgir a ideia de escrever um livro paradidático calcado em sua obra.

Como de costume, partilhei com ele a letra de um samba que eu acabara de compor e ele, com um didatismo próprio dos mestres, corrigiu o refrão,onde eu dava uma escorregadela cacofônica. O nome do samba é 'Primeiro de Abril', e o refrão em  forma de dístico era esse:

'Num primeiro de Abril
Quem aqui nunca caiu?'

Veja trecho do email enviado pelo Mestre:




Veja como ficou o refrão depois da dica do educador Nei Lopes e aproveitem analisem a letra do samba na íntegra:


Num primeiro de abril
Todo mundo já caiu               BIS
Num primeiro de abril
Todo mundo já caiu

Agraciado pelas mãos da natureza
Berço esplêndido, sem catástrofes e sem peste
E o que dizer da dengue e febre amarela
Deslizamentos e da seca do Nordeste


Apascenta sua rês com outra cantiga
Porque essa é muito antiga
Qual rebanho vai dormir?                                    REFRÃO
A sua ideologia é pura simbologia
Chegou a vez de se assumir

            BIS

Viver nesse país é tão legal
Vigora a tal democracia racial
Peguei meu carro importado, saí para dar um rolé
Me perguntaram se eu era o chofer
     
  REFRÃO/ BIS

Mas a índole mansa e pacífica
Dessa gente sem um gene violento
Votaram numa atitude cívica
Disseram “não” para o desarmamento

        REFRÃO

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