quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Pombajira baixou na festa de Halloween, já dizia, Ruy Quaresma, kkkkkkkkk

A Múmia, o Drácula, um Fred Krueger e um bando de mortos-vivos dançavam o créu, o tchan e o tchetchere tchêtchê. O Lobisomem bebia cuba livre e ponche. Já um sujeito de capuz preto e máscara do filme Pânico atacava de Red Label com Redbull entremeados a doses de Jurupinga.

A atração era Juca Pitoco, lenhador de bonsai, um anão em carrara esculpido o cantor Belo (ou escarrado e cuspido).  Juca Pitoco, conhecido também como Hobitt, era lindo e belo como o pagodeiro Belo. Tingira a cabeleira de ruivo, passou gel cola, vestiu um macacãozinho e virou o Boneco Chucky.

Olhem lá, o Brinquedo Assassino fazendo o quadradinho de oito, gritou Iara, fantasiada de Morticia, da Família Adams, de repente, ela girou sobre os calcanhares, tremelicou os ombros, puxou a barra da saia e soltou uma gargalhada ruidosa, assombrosa, tenebrosa, horripilante (idem a gargalhada que encerra o clipe de Thriller, do Michael Jackson), porém numa versão em voz feminina.

Quanto perna-de-calça, hehe! Quanto macho bonito, hahaha! Exclamou rindo sua risada medonha. Arrancou o cigarro da mão do Coringa do Batman, cerrou a guimba com os dentes e a cuspiu longe. Deu uma longa baforada no marlboro sem filtro. E uma longa, longa risada.

O jogo de luz que a equipe de Dj's instalou lançava feixes de luz estroboscópica -  é o clarão daquele pisca-pisca que parece nos deixar em câmera-lenta, tudo em sincronia com o globo luminoso rítmico que alternava suas cores acompanhando o batidão funk.

Que isso Iara? Que isso Morticia? Perguntou um carinha fantasiado de Eddy,o mascote dos metaleiros do Iron Maiden.

Ah, seu broxa, aqui não tem Iara. Eu sou a Pombajira Sete Ventos, hahuhahahuhuhaha!!! Aquela gargalhada thrilleriana.

Com as mãos na cintura se dirigiu aonde estava o Jack da Lanterna (a famosa abóbora do Halloween). Na mesa, envolvendo crânios de plástico, estendiase como enfeite, uma bela guirlanda de rosas vermelhas. A 7 Ventos apanhou a mais vistosa e prendeu numa madeixa de seus cabelos negros Cabelos mais negros que a asa de um morcego.

Os Dj's obedeceram quando ela fez um sinal para que parassem a música. Rodou o salão com a mão na cintura,  fazendo caras e bocas, bebendo champanhe e tragando marlboro sem guimba. De repente, não mais que de repente, estancou, gargalhou e cantou o ponto:

"Pombajira quer tomar chochô
Pombajira quer tomar chochô"

E só foi embora quando trouxeram chochô para ela bebericar (depois de horas para descobrirem que chochô era banha feita de óleo de coco).

*Inspirado no samba 'Pombajira Halloween', de Nei Lopes e Ruy Quaresma.


Bem, sobre o que eu penso de nós brasileiros comemorar uma festa folclórica norteamericana está resumido na letra desse samba aqui embaixo, autoria de Nei Lopes e Ruy Quaresma.
Ao lado do Quaresma., autor de Cavaquinho Camarada, gravado pela Beth Carvalho e de Sempre a Sonhar,  com Martinho da Vila, gravado pelo próprio Martinho.

Eu bem que sabia que um belo dia
Isso ia acabar mal
Esse olhar de descaso
Chamando de atraso
A cultura nacional
Humilharam, pisaram, pintaram e bordaram
E olha só qual foi o fim:
Pombajira baixou no Halloween
Pombajira baixou no Halloween
Tinha até website de gótico e dark
Pra chamar coisas ruins
Até analfabeto era heavy metal de jaquete James Jeans
Tinha até sepultura lá na cobertura
E olha só qual foi o fim:
Pombajira baixou no Halloween
Pombajira baixou no Halloween
Eu bem que sabia que...
Marafo long neck, curimba em playback
Ela veio mesmo assim
Mas quando deram um break
Ela viu que era fake
Tudo fashion, tudo teen
Foi então que a cigana rodou a baiana
Riscou fogo no estopim
Pombajira baixou no Halloween
Pombajira baixou no Halloween

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DÊ O SEU PITACO