terça-feira, 9 de julho de 2013

SE O OBAMA FOSSE BRASILEIRO


Se o Obama fosse brasileiro não seria senador
Muito menos presidente
Não seja inocente, faça-me o favor                                                          
Se ele fosse boleiro, seria um bom jogador
Mas quando se aposentasse, Obaminha, não seria treinador

BREQUE - Chofer de donzela na telenovela se fosse ator!

Parentes residentes em aldeia queniana
Que recentemente Obama encontrou
Fosse aqui não teria prosa
Pois seu Rui Barbosa, papéis da escravidão, queimou
Lá ele é presidente, é alta patente, ele é que manda
Mas se ele nascesse aqui não seria nem presidente de escola de samba


Se o Obama fosse brasileiro não seria senador
Muito menos presidente
Não seja inocente...

BREQUE – Talvez com sorte invertesse tal situação, pois toda regra tem a sua exceção!

Usar distintivo, ser executivo ou cirurgião, não pode!
No máximo alcançar a fama
Juntar uma grana cantando pagode
Analisando com frieza, mas que baita covardia
Um monte de Obama da Silva, dos Santos
Na guarita de uma portaria


AUTORIA: Ricardo Bispo










5 comentários:

  1. E o Joaquim Barbosa,por quê "chegou lá"? srsrs

    Parabéns, abração!

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  2. BREQUE – Talvez com sorte invertesse tal situação, pois toda regra tem a sua exceção!

    Assim como Serginho Procópio é o atual presidente da Portela, e Ivo Meireles foi presidente da Mangueira.

    A tal democracia racial brasileira,que favorece 'democraticamente' os mais 'clarinhos', tem que abrir espaços para que um negro ascenda, caso contrário, sua falácia ficará inegavelmente evidente.

    Por isso que as apresentadoras de programa de Tevê, são todas brancas,majoritariamente, louras (ou loiras, no dizer do povão). Ah,mas a Glória Maria (Talvez com sorte invertesse tal situação, pois toda regra tem a sua exceção!)

    Isso que a Glória Maria é uma das mais antigas e ainda não tem programa próprio.

    Ah, na frase 'talvez por sorte invertesse tal situação' o termo 'sorte' não se refere a competência e aptidão de Glória Maria, Sérginho Procópio, o Paulo Paim no senado ou o ministro Joaquim Barbosa no STJ(que existe desde 1988 e que teve mais de 50 ministros brancos antes de ter o primeiro negro, num país que tem mais negros do que em alguns países africanos,como Tunísia, Líbia e Saara Ocidental).

    O mesmo Ministro Joaquim Barbosa que ao defender veementemente a legalidade e legitimação do Sistema de Cotas Raciais, pois vigora, sim, um sistema de preterição de negros e descendentes ao altos escalões no Brasil

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    1. Sobre o termo 'sorte' que ficou em aberto e pode ocasionar uma interpretação dúbia, não se questiona a aptidão e competência dos que conseguiram romper a muralha e sim me refiro ao fato de quem alguém da nossa cor tem que chegar lá, dentro da lógica do esquema. Na letra do samba ainda há o trecho que diz dos "Obamas" que estão nas guaritas das portarias de prédios e empresas, que tem competência e aptidão para estâncias maiores, mas não passam pelo crivo do preconceito de cor enraizado na psiquê do brasileiro.

      Aos mais desavisados e românticos pode até estranhar isso, parecer teorias conspiratórias,mas a realidade responde, os números respondem.

      O ideal da democracia racial que é um elemento simbólico (saiu do patamar do simbolismo, deixando de ser um mero ideal a ser atingido para explicar a realidade social) traz consigo contradições que lhe são inerentes. Essas discrepâncias entre o discurso metafórico, subjetivo e a realidade objetiva o desmente e o desmascara.

      Os opressores sempre serão minoria e como conter a maioria, a massa de oprimidos,senão criar dobradiças que amorteçam o peso da coerção.

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  3. Quando mostrei esse samba ao meu pai, Antônio Bispo,ele se mostrou preocupado pelo fato de,de repente, eu passar uma ideia de que o Barack Obama, mesmo com aquele carisma,aquele brilho no olhar,aquela autoconfiança, aquela inteligência,não venceria o bloqueio que, de fato, existe no Brasil. Será que eu, num rompante de arrogância,não estaria o subestimando?

    Aí que está a questão. O Obama do meus samba é uma metáfora. Se eu não usasse esse recurso, provavelmente, poucos dariam bola pra esse meu samba. Não sucitaria a discussão, o debate necessário. A escolha da figura do Obama foi pra chamar atençãomesmo. Foi estratégica. Mas, lógico que o Obama poderia sim ser presidente desse Brasil racista. Assim como qualquer outro negro pode ser eleito (e isso seria um fato a ser explorado na campanha ao seu favor). Não é essa a questão que o samba quer apontar.

    Tenho aqui comigo, que se o ex-presidente Lula, com a popularidade absurda que tinha ao fim de seu mandato, apoiasse um negro para a sua sucessão teria conseguido eleger o primeiro negro a assumir a presidência (assim como ele fez com a Pres. Dilma, a primeira mulher a ser eleita. Repito, não é essa a questão que o samba quer apontar. Assim como o Pitta só se tornou o primeiro e único negro a assumir a prefeitura de uma grande capital brasileira graças a popularidade do Maluf, não entrando no mérito de sua conturbada gestão .

    Quero apontar que a discriminação contra negros nos EUA que é explícita e contundente é menos perniciosa do que a do 'racismo à brasileira' impronunciado, sutil.

    A primeira deixa o cidadão ciente dos obstáculos que encontrará por causa de sua cor na empreita de ascensão social na vertical. A cada obstáculo, a cada 'não', a cada preterição em detrimento a um ‘não-negro’, ele não esmorecerá, diferente do que ocorre com o cidadão brasileiro afrodescendente, alheio aos mecanismos de exclusão, a cada obstáculo, a cada 'não', a cada preterição, por não acreditar ser vítima de discriminação (eureka! objetivo alcançado pelos opressores) ele se volta contra si, achando que o problema está nele, e não no sistema pré-conceituoso, minando assim a sua autoestima.

    Aquele Obama que vestiu a faixa presidencial é o resultado da ação do esmeril da conscientização étnica no qual quase todo negro norte-americano é lapidado. Se o pequeno Obama fosse á escola e não visse heróis negros nos Livros de História, se não houvesse referências positivas nos anúncios publicitários, nos gibis,nos brinquedos, nas novelas, será que o Obama adulto teria toda aquela autoconfiança, aquele brilho no olhar, aquela autoestima???

    Ou seria como os 'Obamas' que a letra do samba cita, sem um referencial positivo,'patinhos feio' como no conto infantil, filhotes de águias tidos como patinhos???


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  4. Frase emblemática de Luis Felipe Scollari em 2005, à época técnico da seleção de Portugal, sobre o imbróglio envolvendo os jogadores Grafiti do São Paulo e Desábato do Quilmes da Argentina.

    - Isso, de prender o argentino é exagero, isso é coisa de jogo. Dentro de campo há xingamentos piores. É pra coisa pra irritar o adversário. Mas vocês querem debater racismo no futebol, tá legal, vamos lá, quantos jogadores negros, bons jogadores, o Brasil já teve? Muitos, né, muito bem, agora, quantos técnicos negros estão dirigindo clubes grandes no Brasil?

    (silêncio constrangedor como resposta)

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