Seja por DOM OU MAGIA/ a minha poesia é bem natural (Santaninha, Barbosinha, Rubens Gordinho e Clóvis)
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
ARTE POÉTICA: Onde repousa a poesia
Onde repousa a poesia
se ela não cabe na concretude das palavras dispostas
sobre a superfície bidimensional de um gélido papel
tampouco cabe ela no ritmo modulado pela oralidade da voz humana
tão efêmera e fugaz quanto o doce som do farfalhar da brisa tênue nos juncais
Se não é no jogo de grafemas e fonemas, no quebra-cabeça de rimas, métricas e metonímias
Onde ela está então, se o poema é tão-só um traço gráfico
como a partitura é para a música e a aquarela para o bucólico
A poesia repousa na intersubjetividade que conecta poeta-poema-leitor
ou ouvinte, ou amante, ou um maluco que julga ver nas pedras em limo,
no riso do velho na praça, nas luzes da cidade refletida nas lentes dos óculos de alguém,
ou na aranha que tece sua teia em espiral, primazia sutil
RICARDO BISPO
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