O grande Mia Couto falando sobre a Gala, o galardão de Moçambique, um concurso cultural que escolherá o melhor de Moçambique. Parece que o genial escritor nem está falando de seu país.
Parece que está falando do Brasil:
"Estamos celebrando nessa Gala algo que, certamente, possui a intenção positiva de valorizar nosso país. Mas para usufruirmos o que aqui está a ser exaltado, as melhores praias, os melhores destinos turísticos, precisamos de saber ver o que nos cerca.
Na realidade, em rigor, o melhor de Moçambique não pode ser selecionado em concurso. O melhor de Moçambique são os moçambicanos de todas etnias, todas as raças, todas as opções políticas e religiosas.
O melhor de Moçambique é a gente trabalhadora anônima que, todos os dias, atravessa a cidade em viaturas transportados em condições que são uma ofensa à vida e à dignidade humanas.
(...) Porque a par deste galardão que distingue o melhor de Moçambique há um outro galardão, invisível mas permanente, que premeia o o pior de Moçambique. Todos os dias, o pior de Moçambique é premiado pela impunidade, pela cumplicidade e pelo silêncio".
Mia Couto, biólogo, romancista e poeta moçambicano |
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