Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Com seu colar de urucum
Das rainhas, a mais bela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Colhia o que arou pra si
Batata doce e brinjela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Repartia o que colhia
Não plantava só pra ela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Disfarçada de nenúfar
Flor de haste amarela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Orando para Angana-Zambi
Por seus filhos na favela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Com a fibra do guelengue
Da impala e da gazela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Com seu riso buliçoso
Feito um samba da Portela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Fui às terras angolanas
No versar de Pepetela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Entoando uma cantiga
Em quicongo e ganguela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Ganhando muito pataco
No jogo da bacatela
Às margens do Guaporé
Vi Teresa de Benguela
Com vigor que emprestaria
A Luther King e Mandela
Do livro Espelho opaco de Narciso, 2014, Ricardo Bispo, Editora Clube de Autores